Postagens mais visitadas

terça-feira, setembro 06, 2011

Arte e ciência no Brasil.

A produção do conhecimento, sobre a rede natural, se depara com a falta de informações, o registro sistemático dos fenômenos é uma prática recente, facilitado pelo grande desenvolvimento da tecnologia.
Hoje é de conhecimento a grande alteração dos espaços naturais, com a modificação da paisagem e desaparecimento de espécies vegetais e animais como consequência disso. A produção do conhecimento científico se depara com a escala de tempo restrita, praticamente do século XX para o presente, existe grande dificuldade em obter dados mais antigos.
Por isso entendemos que as artes plásticas, práticas como o desenho, gravura e pintura, são uma importante fonte de informação, para a produção científica, no campo da história natural.
Os historiadores têm discutido a evolução da arte, sua tendência e as diferentes manifestações artísticas ao longo da história. Atualmente existe na literatura uma enorme quantidade de informações, sobre este assunto. Porém um interessante material, até o momento pouco explorado, é aquele que se compões de obras que retratam a natureza, nos seus diferentes aspectos, uma arte naturalista, que ocupa uma posição interdisciplinar entre a ciência e arte.
Olga Pombo, ao discutir a obra de Charles Darwin, comenta este tipo de arte, evidenciando que hoje é mais divulgado o que foi produzido por grandes artistas, como os estudos de Leonardo Da Vinci sobre o corpo humano, enquanto que inúmeros trabalhos, feitos por artistas desconhecidos, são raramente citados na literatura historiográfica.
Talvez uma das fontes mais importantes, para este tipo de discussão, seja o material produzido por artistas que acompanhavam expedições científicas antes da descoberta da fotografia.
Neste acervo existem trabalhos que tinham o claro propósito de representar, por exemplo, uma rocha, planta ou pássaro, as expedições, científicas geralmente tinham na equipe artistas para fazer este trabalho. Mas também obras, como representação de paisagens, podem ter informação que o artista, ao produzir, não percebeu, e que hoje podem fornecer informações científicas importantes para os pesquisadores. Emanuel Leroy Ladurie, na sua pesquisa sobre climatologia histórica, usou diversos desenhos e gravuras, de diferentes artistas do século XVII, XVIII e XIX, para o seu estudo sobre a pequena idade glacial na Europa, com o objetivo de analisar a movimentação dos glaciares.
No Brasil os primeiros registros, documentos conservados até o presente, provém de varias fontes. Entre os registros mais antigos da paisagem brasileira, do século XVII, estão as pinturas feitas pelos holandeses Frans Post e Albert Eckout, artistas trazidos para o Brasil por Mauricio de Nassau.
Outra coleção importante é a do brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira, amparado pelo governo português, deixou uma obra importante, executas no século XVII, onde aparecem ilustrações detalhadas sobre a flora por ocasião da participação em expedições pelo interior do Brasil.
João Barbosa Rodrigues, engenheiro, naturalista e botânico, pode ser considerado o pai da ilustração científica no Brasil, entre vários trabalhos, executadas no século XIX, deixou uma obra sobre as orquídeas do Brasil.
Hercules Florence, Aimé-Adrien Taunay e O alemão Johann Moritz Rugendas foram artistas que acompanharam a expedição Langsdorf, (1824 – 1829) ao longo desse período produziram uma grande obra de registros do Brasil.
Estes são alguns dos artistas importantes, existiram outros, além do que grande é a possibilidade que se encontre, na grande quantidade de documentos dos arquivos históricos, material ainda não publicado.
Ainda falta um detalhado trabalho de resgate as inúmeras informações, espalhadas em diversos trabalhos, como livros, dissertações, teses, muitas vezes as obras desses artistas aparecem como citações, ou em pequenos comentários.
Por exemplo, a obra do pintor Benedito Calixto, ainda é desconhecida como material de investigação científica, o seu trabalho, óleo, Inundação, retrata detalhadamente um aspecto que pode ser usado como apoio em trabalhos científicos. Também as aquarelas do alemão, Herman Rudolf Wenroth, produzidas no século XIX, pinturas feitas em vários lugares no Rio Grande do Sul, ainda não foram analisadas como material de apoio para a ciência.

Nenhum comentário: