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quarta-feira, dezembro 03, 2008

Um naturalista francês em São Borja

Um fato pouco conhecido, na história de São Borja, é que nesta cidade viveu o francês Aimé Bonpland um dos mais importantes naturalistas do passado. Bonpland. nasceu em La Rochelle (França) nem 29 de agosto de 1773. Cursou medicina na Universidade de Paris, embora a sua paixão fosse a botânica, disciplina que cursou no Jardim Botânico de Paris. Nesse Período conheceu o alemão Alexander Von Humboldt, jovem este que mais tarde viria a construir uma enorme obra científica, Bonpland ensinou a Humboldt botânica, zoologia e anatomia e este ensinou a Bonpland física terrestre, astronomia e meteorologia.

Em 1799, viajaram juntos durante cinco anos pela Espanha, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba, México e Estados Unidos desta viajem resultou uma enorme obra que consagrou mundialmente os dois cientistas, entre vários empreendimentos Bonpland dedicou-se, nesta expedição a botânica reunindo um herbário (coleção de espécies vegetais) com sessenta mil espécies. Bonpland regressou a França onde ocupou o cargo de encarregado do Jardim Botânico de D. Josefina esposa de Napoleão I.

Em 1814 Bonpland decidiu voltar para a América do sul a convite de Simon Bolívar para radicar-se na Venezuela, tendo mais tarde residido em Buenos Aires a convite de Bernardino Rivadavia, Sarratea e Belgrano que o tinham conhecido em Londres.. Bonpland chegou em Buenos Aires em 1817 acompanhado pela sua mulher, dois jardineiros, grande quantidade de sementes e duas mil plantas (medicinais, frutíferas e hortaliças).

Tinha o projeto de fundar o Jardim Botânico, como o ponto de partida para o Museu de Historia Natural Nacional, as dificuldades que haviam na época devido à situação de guerra demoraram a concretização do projeto. Em Buenos Aires praticou a medicina e colaborava com os Jornais locais como consultor sobre assuntos ligados a ciências naturais. Em 1820 decidiu fazer uma viagem ao Paraguai e a província de Missiones, a partir desse período estabeleceu a sua base em Corrientes, a partir dessa localidade fez várias expedições não só para coleta de plantas mas também com a idéia de formar uma colônia agrícola para a exploração de erva-mate, num sistema metódico de cultivo.

Na sua fazenda Santa Ana (Corrientes) desenvolveu o projeto do cultivo sistemático de erva-mate, este trabalho foi interrompido devido ao ataque sofrido. A propriedade foi invadida por um exército de 400 homens a mando do ditador Paraguaio José G. Rodriguez, que o considerava um espião perigoso aos negócios do Paraguai. A plantação foi destruída e Bonpland levado como prisioneiro para o Paraguai, apesar dos protestos mundiais ficou preso por nove anos, durante esse período exerceu a medicina e se ocupou da agricultura. Após ser liberto decidiu viver em Missões.

Em 1831 estabeleceu-se em São Borja, na sua chácara, nesta cidade, produzia vegetais aromáticos, medicinais fazia experiência com erva-mate e criava ovelhas da raça merina, permanecendo entre nós por 21 anos, incluindo o período da revolução Farroupilha. Era chamado, pela população local, de Dom Amado, constitui aqui nova família, sobre São Borja escreveu na sua correspondência “os habitantes se mostram doces,afáveis e cheios de atenção” as dificuldades do período da revolução prejudicaram as suas incursões científicas pelas Missões, embora ele tenha continuado as suas atividades, como por exemplo o intercâmbio com o fazendeiro serrano Pedro Chaves, a quem vendia ovelhas. No primeiro negócio o próprio Bonpland foi na tropeada conduzindo, com seus tropeiros, 400 ovelhas por um percurso de 73 léguas ao longo de 25 dias.

Ao tropear ia fazendo observações, numa dessas ocasiões descobriu uma nova euforbiácea denominada pau-de-leite que produz uma borracha branca, espessa, e cinco diferentes espécies de erva-mate, variações já conhecidas pelos índios da região.

Em 1854, foi nomeado diretor do Museu de La Província e a França o nomeou membro da academia de Ciências, uma instituição científica alemã denominou a sua revista Bonplandia. Apesar de sua idade avançada continuava com as expedições. Morreu na fazenda de Santa Ana (Corrientes) em 11 de maio de 1858 aos 85 anos. O arquivo de Bonpland ficou depositado na Faculdade de Ciências medicas em Buenos Aires

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