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sábado, dezembro 27, 2008

A queda de um meteoro em Alfredo Chavez, Rio Grande do Sul

Os fenômenos celestes sempre atraíram a imaginação popular, sendo fonte de muitas controvérsias. Ao longo do tempo, torna-se difícil para a ciência separar a lenda do fato cientifico e saber precisamente o que houve na época.
Este artigo visa discutir as notícias sobre a possível queda de um meteoro no Rio Grande do Sul, no ano de 1899, em Alfredo Chavez (atual município de Veranópolis).

A queda do meteoro

O jornal A Federação, em 1899, noticiou, em várias edições, o estranho acontecimento.
Na edição de 27 de março aparece a seguinte manchete “Bendegó no rio das Antas”, a noticia está assim detalhada:


Em dos dias da semana última caiu no rio das Antas um desses corpos sidereos, que solicitados pela atracção vem freqüentemente precipitar-se sobre a superficie do nosso planeta. A queda teve lugar entre Santa Bárbara e o ponto onde a estrada para Alfredo Chaves corta aquele rio.
Segundo nos informa pessoas fidedginas esse aerolitho obstruiu parte do rio e conserva ainda algum calor. O estrondo produzido pela queda foi ouvido em São João do Mo
ntenegro
[1].


No mesmo jornal, na edição de 10 de abril, do mesmo ano, consta que a seguinte matéria:


Meteorolitho.
Segundo ordens emanadas da secretaria de Obras Publicas, do Estado, seguiu no dia 10 de abril passado para Alfredo Chaves o engenheiro João Fernandes Moreira a fim de colher informações exactas sobre o logar onde poderia estar o meteorolhito, que diziam haver caído no dia 14 de fevereiro no Valle do rio das Antas, entre Santa Bárbara e o ponto em que a estrada de Bento Gonçalvez para Alfredo Chavez corta aquele rio.
Pelas informações recolhidas o Dr. João Fernandes Moreira seguiu no dia 17 para a Barra do Arroio “Jaboticaba”, que deságua na margem direita do rio das Antas, para obter noticias mais verdadeiras, pois diziam que o meteorolitho havia caído neste logar.
Nada sabendo sobre o tal aerolitho resolveu o Dr. Moreira seguir até o passo do rio das Antas na estrada de Alfredo Chaves a fim de informar-se do que ocorrera. Seguindo sempre pela margem direita desse rio indagava aos moradores qualquer notícia que o esclarecesse, até que encontrou um polaco de nome Valentin Taleska que disse: que na colonia número 40 ou 41, situada na margem esquerda do rio das Antas, pertencente ao italiano Giuseppe Cuncho, havia caido, mais ou menos por aquele tempo, pelas 3 horas da tarde, um enorme paredão, regulando ter 2700 m cúbicos; tendo sua queda determinado um grande estampido
Este facto, conforme fica acima narrado, o dr João Fernande Moreira retificou de ser inteiramente verídico, não tendo sido possível nem mesmo com um anneroide, determinar a altura da queda, que foi enorme.



Para esse mesmo ano (1899) estava em curso a noticia apavorante, divulgada em todo o mundo.
N a edição de A Federação, 15 de fevereiro de 1899, existe o seguinte artigo.

O fim do mundo.

Em 13 de novembro de 1899 encontro da terra com um grande cometa.
Morto pelo fogo, descargas elétricas.
Um profeta da sciencia moderna anuncia a morte de todos os habitantes do nosso planeta em 13 de novembro de 1899, das 2 para as 5 da tarde.
A noticia não admite gracejos, tanto mais quanto ella nos é transmitida por uma autoridade astronômica, digna de maior crédito, o Dr. Rodolphe Falb, astrônomo, professor de geologia da Universidade de Viena e da mathematica da de Praga.


O jornal A Federação publicou também matérias, nas edições de março, dias 14, 15 e 16, sobre a catástrofe. Os artigos detalham informações sobre a previsão de Rodolphe Falb a cerca do choque do cometa com a Terra. Nestes artigos existem detalhes técnicos e a identificação de Rodolfhe Falb como professor de geologia da Universidade de Viena. Enfatiza o articulista que o assunto é sério porque não se trata da fantasia de um estranho e sim dados de um respeitado cientista.

Na edição de 14 de março existe o parecer do Dr. Forester, diretor do observatório de Berlim e do Dr Cruls, diretor do observatório do Rio de Janeiro. Ambos afirmam que na data estipulada nada aconteceria a não ser uma queda de estrelas cadentes.

O jornal “O Estado” de São Paulo publicou uma matéria com o mesmo tema com o seguinte titulo “A propósito do fim do mundo”, edição de 11 de novembro de 1899. Neste artigo esta descrita a previsão de Rodolphe Falb, a qual diz que no dia 13 de novembro o cometa Biela, cem mil vezes maior que a Terra, deveria chocar-se com ela “não sobraria ninguém para contar a história pois a humanidade seria aniquilada”. O artigo descreve o pânico que se disseminou pela população, perante esta noticia, com casos trágicos.



Conclusão.

O assunto aqui discutido sobre a queda de um meteoro, no município de Alfredo Chavez, foi oficialmente arquivado pela administração do estado na época. O caso foi definido como um boato, segundo o relatório de João Fernandes Moreira não houve comprovação do fato.
Fica o questionamento, realmente nada houve? ou a posição das autoridades foi cautelosa, devido aos problemas que já havia em função da crise provocada pela previsão de Rodolphe Falb.


[1] São João do Montenegro está situado aproximadamente entre 40 e 45 km do local da queda.

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