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sábado, outubro 18, 2008

Arte e ecologia.


Na literatura historiográfica encontramos poucas informações de como era o ambiente natural do Rio Grande do Sul, nos séculos passados.
Para este assunto existe uma rica fonte de pesquisa, ainda por estudar, artistas que por aqui passaram, brasileiros ou estrangeiros, ou residentes, que registraram na sua arte o Rio Grande do Sul antigo, paisagens e modo de vida que, na sua maioria, não existem mais. Entre estes materiais consta a coleção de aquarelas do alemão Herman Rudolf Wenroth.
Ele chegou no Brasil em 1851, como mercenário contratado na luta contra Rosas, passou pelo Rio de Janeiro, vindo em seguida para o Rio Grande do Sul, parece que teve problemas, tornou-se desertor ou foi expulso do exército. A partir daí passou a perambular, sempre pintando o modo de vida das pessoas e o ambiente natural.
Entre as suas aquarelas existe o interessante trabalho sobre a paisagem na margem do rio Taquari, rico em detalhes, onde se pode observar aspectos da fauna que existia no local, aparecendo claramente várias capivaras (Hydrochaeris hidrochaerys) e diversos jacarés (Caiman sp). Junto às capivaras, na margem, aparece um outro animal, estando numa posição apoiado nas patas traseiras.
Também neste quadro pode-se observar a ampla mata de galeria, que existia no local, hoje praticamente desaparecida. Embora o autor não tenha citado detalhadamente a localização deste lugar, deve ser em algum ponto da Depressão Central, e a vista é a partir do norte, já que no quadro não aparece, ao fundo, as rochas da encosta do Planalto.
Registros artísticos como este, são materiais importantíssimos no estudo da ecologia para compredermos melhor a dinâmica da natureza, trabalhando com uma informação que nos reporta a outra escala de tempo, e a um mundo pré-industrializado. Falta, ainda, construir um trabalho acadêmico interdisciplinar para desenvolver uma aproximação entre arte e ciência.

Trecho do rio Taquari

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