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sábado, abril 08, 2023

 A CRISE DA COMUNICAÇÃO.

 

Até os anos oitenta vivíamos numa sociedade analógica, as informações informações vinham dos  livros jornais e revistas, a tecnologia de ponta acessível era o rádio e a televisão, recursos mais popular ao alcance da maioria das pessoas. Quanto ao uso da televisão tínhamos que adequar os nossos horários, para assistir coisas do nosso interesse. Não raro queríamos ver, por exemplo uma entrevista ou um filme, mas o programa será a 1h da madrugada ficávamos de plantão e pagávamos com um sono atrasado que acompanharia o nosso dia. Surgiram aos poucos aparelhos que permitiam gravar, mas caros inacessível para a maioria da população.

E ai entra uma questão muito importante, no contexto social daquela época, a comunicação popular, poucos tinham condições de possuir telefone particular era necessário contar com o recurso que o estado oferecia telefones públicos distribuídos nas ruas das cidades. O custo, na comunicação a distância, ainda era um fator limitante, uma ligação intermunicipal era cara, a interestadual muito cara e a internacional era coisa para alguém muito rico.

Em 1988 um projeto da comunidade acadêmica de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Laboratório Nacional de Computação Gráfica introduziu a internet no Brasil. Rapidamente houve uma grande mudança nos meios de comunicação, a oferta foi rápida de recursos que nos permitiu acesso a coisas, que antes eram inviáveis, informação em tempo real, música, filmes, jornais de todo mundo e diversas outras coisas.

Entre as novidades, a comunicação pessoal passou a ser muito acessivel, o custo baixou e as possibilidades ficaram ilimitadas, processo que deu um “pulo” com o aparecimento, no Brasil, do telefone celular em 1990.

Dessa época até o presente os avanços da tecnologia, nessa área, são numerosos e espantosamente rápidos as coisas mudam “da noite para” o dia”. Não temos mais as limitações antigas para sabermos, por exemplo, noticias de um amigo que vive noutra cidade ou noutro país, portanto as nossas relações estariam mais próximas.

Nunca fiz um estudo científico da discussão que estou propondo mas o que percebo é que apesar de toda essa evolução tecnológica e o grande diferencial, que o surgimento das redes sociais causou, estamos vivendo uma época em que as pessoas estão muito solitárias. Durante a crise da COVID, que foi um trauma para todos, amigos me mandavam noticias sobre o que estava acontecendo, geralmente a fonte era: segundo o jornal X ou a televisão Y está acontecendo isso. Quando eu entrava em contato para discutir o assunto perguntava: e ai no teu bairro o que está acontecendo? O que os teus vizinhos estão comentado? O que os teus amigos estão comentando sobre o bairro deles? Muitas vezes ouvi a resposta quase não sei, conheço pouca gente etc.

 Hoje no cotidiano tem uma coisa que observo muito, recebo de amigos material, como indicação de filmes no yotube ou reportagens de outras fontes. Leio ou assisto e fico pensando: o que essa pessoa (ele ou ela) está querendo? A minha opinião sobre o tema? As vezes mando a minha opinião geralmente não volta nenhuma resposta ou volta um emotions, dificilmente surge um diálogo, nada é construído.

Atualmente a quantidade de informações disponível é impressionante, não raro vejo pessoas, em conversas informal, fazer uma citação como uma “verdade” que descobriu, como se fosse o autor, de repente vejo outra pessoa fazer a mesma coisa e repetem sem se preocupar com a fonte. Aos poucos vou descobrindo que “aquela verdade” está por toda a internet, parece que a capacidade de processamento, da maioria das pessoas, está muito baixa, raramente ouço alguém dizer, numa situação como essa, “li ou ouvi isso, fui atrás, cruzei fontes para esclarecer melhor a questão e gerar uma análise crítica”.

Essas “verdades são repassadas, se perguntarmos para quem nos enviou de onde ele tirou esse material ou porque está repassando, muitas vezes a resposta é: fulano ou fulana me enviou e pediu para repassar, se tentarmos percorrer essa fila de “repasse” muitas vezes não acharemos a origem disso.

 

Paulo Jolar Pazzini Galarça

 

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