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sexta-feira, novembro 28, 2008

Breves notas sobre a história do Rio Grande do Sul.



Sobre o ambiente natural e a ocupação humana, do Rio Grande do Sul, duas fases são importantes, o período anterior e o posterior à ocupação européia. Neste artigo serão tratados os seguintes focos: a questão do registro histórico, os livros que hoje temos são produtos da documentação produzida pelos europeus que aqui chegaram, pouco sabemos de registros anteriores a eles, o que não significa que não tenha existido. Inúmeros trabalhos de pesquisadores atuais demonstram a extinção de diversas culturas, sobre as suas memórias pouco sabemos.
A paisagem natural, no que diz respeito a hidrosfera e a biosfera, é um produto altamente organizada pelo clima que irá determinar o perfil do espaço natural. Discutirmos estas coisas tem a complexidade de que não estamos falando de eventos locais, as pesquisas modernas apontam para a rede de acontecimentos, apenas modeladas localmente. Não é possível, nestas breves linhas, tentar discutir profundamente este assunto. Partiremos de uma fronteira, a idade geológica de 10.000 AP, época pleistocenica, na região, onde hoje está o Rio Grande do Sul, a paisagem era formada por uma estepe fria. Por volta de 5.000 AP, época holocênica, houve um extraordinário aquecimento global, com uma mudança radical no clima planetário, a linha de costa dos oceanos avançaram para dentro dos continentes, novamente o clima local passa por uma transformação, o sitio onde hoje está Porto Alegre estaria quase submerso, em um sistema lagunar, apenas a parte mais alta dos morros estavam emersas. Nestas condições houve grandes alterações na biosfera, espécies desapareceram, outras ocuparam os ecossistemas, o perfil vegetal, com o desenvolvimento das matas começou a se estruturar.
Os climas que hoje existem no estado, são recentes, falta pesquisa para sabermos quando se formaram, mas provavelmente numa retrospectiva, até o século XVIII, eles eram como os atuais. Apenas algumas anomalias climáticas como ocorrência de grandes nevascas, furacões, etc. ocorreram em escala hoje desconhecida. As causas disso ainda não podem ser adequadamente explicadas..


A ocupação humana

Os registros mais antigos, até agora encontrados nas prospecções arqueológicas, datam de 13.000 AP, tradição Umbú, e 6.500 AP, tradição Humaitá, pouco sabemos sobre eles, provavelmente eram caçadores coletores. Um grupo mais recente e numeroso era os Guaranis, já com uma cultura bastante organizada, com a prática de domesticação de animais e vegetais e a prática de uma gricultura organizada e confecção de cerâmica. Ainda não está adequadamente estimada a população dos diferentes grupos que aqui viviam. Algumas culturas não mais existiam, quando os europeus aqui chegaram, e outras foram destruídas, literalmente, ou transformadas, onde a memória foi perdida.
Sobre o registro do Rio Grande do Sul como um território, ou seja posse de alguém, em 1534 aparece no mapa de Gaspar de Viegas a citação do Rio da Província de São Pedro, entre 1606 e 1607 os jesuítas portugueses tentaram um projeto colonizador, chegando até as cercanias de Porto Alegre, pouco resta de registros sobre este projeto. Em 1721 os jesuítas espanhóis chegaram no estado, catequizaram os guaranis e fundaram as cidades que ficaram conhecidas como “Sete povos das Missões”, isto durou até 1801, quando estas cidades entraram em decadência, em meio a inúmeros episódios de disputas econômicas.
O governo oficial, preocupado com a preservação das fronteiras políticas, começou uma política de atração de imigrantes. Em 1746 chegou no estado o primeiro grupo de colonos açorianos, na prática econômica este grupo desenvolveu a lavoura do trigo, que por volta de 1780 já era um produto de exportação.
Por volta de 1824 chegou o primeiro grupo de alemães e em 1876 chegaram os italianos. Os alemães e os italianos se estabeleceram no planalto, organizados em pequenas propriedades familiares, onde praticavam a agricultura de subsistência e um pequeno comércio com os excedentes.


O impacto ambiental

Enquanto que as comunidades pré-européias eram integradas com o ecossistema, a ocupação européia tinha um impacto maior, muito cedo já havia uma produção visando o mercado internacional. Além do comércio do trigo, já citado, em 1832 tábuas já eram exportadas para Buenos Aires, demonstrando a antigüidade do desmatamento das florestas nativas, além do comércio de espécies animais nativas, especialmente para retirar a pele.
Devido a estas práticas antigas, a falta ou raridade de documentos, que tenham registro quantitativo, a atual pesquisa tem muitas dificuldades para determinar características como a espacialidade das espécies nativas tanto animais como vegetais, quantificação e biodiversidade.
Nas narrativas de diversos viajantes, que percorreram o Rio Grande do Sul, durante o século XIX, como Saint-Hilaire, Arséne Isabèlle, Lindman entre outros, já evidenciam, nos seus escritos, o intenso avanço, sobre as paisagens naturais, das lavouras e fazendas com criações de gado.


Paulo Jolar Pazzini Galarça.

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