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sexta-feira, dezembro 04, 2009

Elementos para o estudo e determinação do clima.

Com prazer publicamos aqui os resumos das observações meteorológicas feitas pelo nosso ilustrado patrício, o Sr. Julio Antonio Vasques de Taquara do Mundo Novo e em S. Francisco de Paula de Cima da Serra no período de abril de 1890 a janeiro de 1892.
Remettendo-nos essas observações, já que nos haviam sido promettidas no anno passado, escreveu-nos o Sr julio Vasques em abril de 1892:
Duplamente grato pela immerecida deferencia com que obequiou-nos, envio-lhes mais estas pedras para o levantamento da montanha que tão justo empenho que merece apezar de quase absoluto menoprezo que lhe votam os competentes na matéria.
Quando fiscal da estrada de Taquara a S. Francisco de Paula iniciei as observaçõe meteorologicas nas duas villas; deixando, porém, logo depois esse cargo e interessando-me principamente pelas zonas de Cima da Serra, obtive do valioso concurso do ilustre Dr. Jordelino G. de Senna, juiz de direito da commarca, a continuação dessas observações que abrangem um período de dois annos, sendo apenas de seis meses a que fiz em Taquara.
Nas observações de S. Francisco de Paula empregou-se um barometro aneroide comparado, e um thermometro simples. Identicos instrumentos e mais um thermometro de maxima e mínima foram os que usei em Taquara, sendo por isso absoluta as temperaturas desta ultima localidade de maio em diante.
As altitudes respectivas exprimem a medida de diversas nivelamentos por barometros (aneroides): as posições geographicas foram determinada pela carta das colonias do Estado, que se esta fazendo na repartição de obras públicas.
Mereceram-me especial attenção as observações que fez comparadas com as que lhe ofereci; por ellas verifiquei uma diferença constante de 2,5 m/m entre os nossos aneroides, sendo entretanto igual o grao de sensibilidade de ambos, porquanto pelas maximas e mínima de novembro, com a perfeita coincidencia de datas, vê-se a oscilação de 13 e 13,5 m/m para os dois ameroides.
Quanto as temperaturas, as minhas são inferiores em 4,5º na media, mas isto deve ser attribuido a achar-se abrigado o thermometro de que fez uso, e em um lugar menos favoravel do que o seu, tendo ainda verificado por varias vezes a diferença de 5º entre as temperaturas interna e externa.
Em vista do se conhece das publicações feitas em relação das maximas de temperatura n´este Estado, é provável que a minha de 39º,2 em 10 de dezembro de 1890 seja taxada de fictícia ou exagerada, mas eu garanto que ella se deu e foi por min observada.
É verdade que se poderá dizer que seja isso devido à colocação incoveniente que a registrou mas não é assim, pois que tal collocação é, ou pelo menos me parce ser a melhor possivel; sendo de mais a mais a mesma que se achava o instrumento que em 20 de Maio do mesmo registrou a minima de 1º,9.
No Annuario do Observatorio do Rio de Janeiro para 1887 pag. 219, diz-se que a maxima absoluta para o Rio de Janeiro é de 37º,5 e para o Rio Grande do Sul de 32º,4; sobre a do Rio de Janeiro estou de muito bom acordo, porem sobre a do Rio Grande, tenham paciência, eu tenho cá minhas dúvidas; pois, em attenção as latitudes, a maxima absoluta do Rio Grande devera ser mais elevada que a do Rio de Janeiro, e não concordo que as circunstancias locaes sejam taes que tanto a façam baixar; quando a mim a conclusão que tiro, talvez temerariamente, é que as observações feitas no Rio Grande não podem e não deve inspirar grande confiança.
Eu encontrei n´este lugar em 1890 uma maxima de 39º, 1, mas deve notar-se que em 1891 só a tive de 37º, 1 e posso também dizer que em 1889 ella não attingiu 37º ; o ano de 1890 foi bastante excessivo em calores e não é de se admirar que désse uma máxima tal que seja realmente a maxima absoluta do lugar; talvez eu labore um erro mas penso assim.
Jose Antonio Coelho Leal.
Fonte: Annuario Estatistico do Estado do Rio Grande do Sul, 1893.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Temporal em Porto Alegre.

Grande Temporal em Porto Alegre – 1899.

Grande temporal.
Desmoronamentos Prejuízos.

Sábado último às 8 horas e meia mais ou menos da noite, desencadeou sobre esta capital violenta ventania acompanhada de volumosa manga d´agua.
A impetuosidade com que manifestou-se esse phenomeno metheorologico foi tal que não houve prédio que não lhe sentisse os efeitos.
A grande quantidade de areia arrastada da parte alta da cidade obstruiu as sarjetas e os canos do esgotto das ruas baixas dando logar a que a água innundas e os passeios, penetrando em muitos prédios.
Longe iríamos se fossemos dar uma noticia detalhada de todos os casebres, muros e cercados levados pela ventania; entretanto vamos registrar alguns incidentes.
No prado Independência, o enorme carramanchão de ferro ali existente foi todo destruído. Um chalé de taboas do 3o districto foi levado pelos ares.
Na rua Concórdia, um grande muro há pouco construído e que faz esquina com a rua República, rolou por terra. Na mesma rua diversas casas tiveram igual sorte.
Na rua da margem enfrente a rua Luiz Affonso desabou a casa de negócios de Carlos Severini.
Essa rua foi uma das que mais sofreram telhados foram levados inteiros e casas houve que os respectivos moradores tiveram que abandona-las indo pedir auxilio a outros visinhos.
Na rua da Olaria desabou o prédio onde eram estabelecidos com negócio Gonçalves Ferreira & Ca .
No campo da Redempção por onde passa a linha da Porto-Alegrense, cairam 16 postes telephonicos.
Numero egual ou superior caiu também na rua Independência.
Na praia Baronesa, barras de Ferro que três homens não levantam foram arremessadas a 40 ou 50 metros de distancia.
No chamado campo da Baronesa também muitíssimos soffreram os prédios ali existentes.
As paredes que ainda restavam de pé do antigo Palacete Nonohay ruíram por terra.
Um canto formado pelas duas paredes que caíram, ficou de pé à guiza de coluna encimada por um pedaço de platibanda, tendo no alto uma das figuras que adornam a fachada principal do grande edifício.
Os serviços telegraphicos estadual e federal para o interior do estado estão interrompidos desde sábado.
No pateo da casa n. 67 da rua da Figueira, onde reside o Sr João Gonçalves de Castro, inspetor de vehiculos, existia um caixão na extremidade de uma vara, fincada no solo, onde achava-se preso um macaco.
Na ocasião da ventania, o caixão e a vara foram levados pelos ares levando o macaco que não saiu de dentro do caixão.Só ontem o cidadão Castro conseguiu noticia do macaco.
Fonte: Jornal A Federação – 2a feira 17 de abril de 1899. N0 88 (pg 19)

sábado, maio 16, 2009

Phenomeno

O Diario da Tarde, de Curityba, relata este curioso phenomeno:
No dia 28 do mez findo deu-se um phenomeno bastante assustador entre Jaguariyva e Assumguy de Cima, no logar denominado Conceição, districto do Cruzeiro. Os habitantes dos arredores até hoje estão aterrorisados e não sabem explicar o acontecimento. Em hora que não foi indicada foi ouvido naquele local um estouro semelhante ao de um canhão monstro.
Sahindo algumas pessoas para ir ver o que seria, depararam na propriedade do Sr. João Francisco, com grande parte do terreno abatido a tão grande profundidade que as copas dos pinheiros ficaram rasas com o chão!
O proprietario o Sr João Francisco recebeu tal emoção que caiu doente até agora conserva-se no leito. O terreno abatido tinha grandes plantações de cereais.
Os habitantes dos arredores, que nunca tinham visto tal fenômeno, tomaram como um aviso do anunciado fim do mundo. A verdade porém, é que desses phenomenos tem havido em muitas partes e não são mais do que resultado de commoções que se passam diariamente no seio da terra.

Fonte: Jornal “A Ordem 1899”.

domingo, maio 10, 2009

Qual é o mistério do espaço?

As sociedades humanas, ao longo do tempo percorrem e ocupam diferentes ambientes do planeta Terra. A geografia define esta ação como a formação do espaço geográfico. A procura da essência desse processo nos leva a uma pergunta: o que é o espaço? A ciência nos diz que o espaço é um componente básico da manifestação da existência que conhecemos. Para tentar enxergar o fenômeno usarei aqui duas imagens. Em uma figura vemos uma tira, fechada, onde uma pequena bola percorre sempre uma mesma face. Na outra uma fita similar, porém torcida, formando a chamada “fita de Möebus”, agora o espaço foi totalmente modificado, observamos que a bola percorre, no mesmo impulso, as duas faces. Click sobre as figuras e observe a animação.

sábado, maio 02, 2009

Uma breve nota.

Clima e literatura, em 1815 a erupção do vulcão Tambora causou um desastre mundial, o ano de 1816 ficou conhecido, pelos historiadores como “o ano sem verão”.
Ladurie comenta:

Neste ano, numa casa em Genebra, confinados pela chuva, um grupo de escritores passa o tempo contando histórias de terror. Estas histórias, mais tarde foram passadas para o papel, nesta ocasião dois clássicos da literatura surgiram o vampiro de Polidori e Frankstein de Mary Shelley, que ainda não tinha 19 anos.

segunda-feira, abril 20, 2009

A grande seca de 1877.

Esta seca provavelmente foi a mais forte que atingiu o Rio Grande do Sul no século XIX. Esta é a descrição de um episódio ocorrido em Júlio de Castilhos:

O maior flagelo da histórica do município ocorreu nesse período do povoamento inicial da sede.
Durante seis meses não caiu, em todo o município de São Martinho, uma só gota d´água. No Povo Novo, o rio Guaçupi se transformou apenas em um “rosário de pequenas poças’. Outras fontes da região se tornaram famosas porque ainda mantiveram vertentes. Os açudes secaram. As árvores dos matos perderam suas folhas ao alcance do gado, como se fossem roçadas. E o capim dos campos secaram completamente.
Os antigos contam que os focos de fogo na pastagem esbranquiçada deviam ser atacadas imediatamente. Os animais magros eram sacrificados e arrastados, com o ventre aberto, para deter a rápida corrida das chamas. Os rebanhos foram dizimados e toda a plantação irremediavelmente perdida.
A câmara de São Martinho, sob a presidencia do cap. João Manuel de Oliveira, reiterava um pedido feito ao Delegado do Instituto Vacinico da Provincia para que “remetessem algumas lâminas de pus vacínico” pois temia-se uma epidemia, tal era a mortandade de animais.
A 14 de julho de 1877, o Presidente da Província ordenava a aquisição de “100 sacos de feijões de diversas qualidades e espécies boas, cem ditos de miho, arroz, favas e ervilhas, sementes que seriam distribuídas a agricultores pobres. E a Câmara Municipal era avisada que “da corte Imperial” lhe foi remetida, pela Sociedade Beneficente e Humanitária, a quantia de três contos, seiscentos e oitenta mil e duzentos e vinte réis para socorrer as vitimas da seca da Província. Desta apreciável quantia o município receberia, em dezembro daquele ano, a quantia de 450 mil réis.
Devido a completa escassez de alimentos, o número de suínos do município ficou reduzido a 300 animais! Considerando a enorme área do então Município de São Martinho, pode-se ter uma idéia do que foi a terrível estiagem.

Fonte: Terra de Vila Rica: Contribuição ao Estudo da História
Do Município de Julio de Castilhos, 1991.
Costa, Firmino.

sábado, abril 11, 2009

O tempo no Rio Grande do Sul ao longo do ano de 1844

O clima do Rio Grande do Sul em 1844 segundo dados extraídos do diário de Antonio Vicente da Fontoura, um dos líderes da Revolução Farroupilha.



Janeiro.

5 – chuva
6 – frio
7 – NE forte e frio, cerração
8 – NE forte e frio, cerração
13 – sol lindo
14 – chuva
21 – chuva, vento norte
22- Fresco, sol fortíssimo
24 – Sol quente
30 – dia de maior calor que tem feito neste verão, nem a mais leve aragem
31 – Trovejando muito
Número de dias de chuva – 3
Número de dias frios - 3

Fevereiro

2 – chuva
4 – chuva. Neblina com intervalos de sol
6 – enchente
16 – vento norte mais quente que o sol. Dores de cabeça
26 – calor excessivo
Número de dias de chuvas – 3
Número de dias frios – 0
Total de dias observados - 5

Março

3 – frio
18 – chuva
19 – madrugadas frias, flores murchas, frutos passados.
30 – grande neblina. Sol ardentissimo ao meio dia
Número de dias de chuvas – 1
Número de dias frios –2
Total de dias observados - 3


Abril

2 – sol quentíssimo
10 – quase geada
17 – chuva, vento norte
18 – chuva
Número de dias de chuvas – 2
Número de dias frios – 1
Número de dias observados - 4

Maio

1- frio
13 – chuva constante
16 – chuva
18 – frio terrível durante a noite
23 – frio
26 – Muita geada durante a noite. Vem to sul frio
Número de dias de chuvas – 2
Número de dias frios - 4
Número de dias observados - 5


Junho

12 – frio excessivo
16 – frio
21 – muita geada
30 – dia de verão
Número de dias de chuvas – 0
Número de dias frios - 3
Número de dias observados - 4

Julho

5 – Cerrado
6 – Vento fortíssimo. Frio extraordinário
31 – Temporal
Número de dias de chuvas – 1
Número de dias frios – 1
Número de dias observados - 3



Setembro

7 – choveu muito
12 – lento desenvolver da vegetação
23 – chuva
24 – chuva todo o dia
25 – chuva abundante. Tormenta acompanhada de pedras regulares
26 – chuva muito copiosa . enchente de São Miguel
27 – chuva, vento e pedras. Desde agosto quase um quartel de inverno
Número de dias de chuvas – 6
Número de dias frios – 1
Obs. Desde agosto inverno forte.
Número de dias observados - 7


Outubro

4 – vento este forte
9 – chuva
10 – chuviscou todo o dia. Vento, trovão, nuvens negras.
Número de dias de chuvas – 2
Número de dias frios – 0

Total
Dias de chuvas – 20
Dias de frio – 15
Mês mais chuvoso – setembro
Mês com mais dias de frio – maio


Antonio Vicente da Fontoura registra para o ano de 1844 a enchente de São Miguel no dia 26 de setembro. A propósito, transcrevemos a seguinte observação “Sobreveio a infalível enchente de São Miguel, as abundantes chuvas que coincidem com o equinócio de setembro.